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Renato Feder, novo nome de Bolsonaro para a Educação, já defendeu privatização de ensino. Conheça um pouco sobre o novo ministro.

O secretário de Educação do Paraná deve substituir Carlos Decotelli, que ficou poucos dias à frente do MEC

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Jair Bolsonaro acenou nesta sexta-feira 3 para que o empresário e secretário de Saúde do Paraná, Renato Feder, assuma o Ministério da Educação após o curto período de Carlos Decotelli na pasta.

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O novo nome do MEC, que descreve-se como “professor, gestor, empresário, mestre em economia e apaixonado por educação” em um perfil das redes sociais, começou no mundo dos negócios após fundar uma empresa bilionária no ramo da tecnologia, a Multilaser, pela qual responde processos por fraude fiscal de mais de 3,2 milhões de reais que teriam sido sonegados de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O processo corre em sigilo na Justiça de São Paulo.

Ao deixar o cargo de CEO da Multilaser em 2018 para assumir a Secretaria da Educação no Paraná, Feder deu continuidade à carreira na educação, que, segundo descrito em seu currículo na página do Governo do Paraná, passa por ter lecionado matemática por dez anos, ter sido diretor de escola por oito anos e ter atuado como assessor voluntário da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

A ligação com São Paulo e o governador João Doria (PSDB), antagonista de Bolsonaro no cenário político, acabou sendo um entrave para que o atual ministro fosse nomeado no lugar de Decotelli. Feder fez campanha para o tucano em 2016, quando Doria concorria para a Prefeitura, e doou 120 mil reais para o candidato.

À frente da secretaria no Paraná, Feder divulga intensamente nas redes sociais a adoção de sistemas de ensino a distância em tempos de pandemia. “Em apenas 15 dias, colocamos no ar 3 canais de TV, montamos milhares de salas virtuais, gravamos centenas de videoaulas e levamos tudo com internet gratuita em todo o Paraná.”, escreveu.

O projeto teve destaque na mídia e é um dos com maior abrangência de alunos acompanhando as aulas online no País, segundo o último Datafolha.

No entanto, Feder foi criticado por professores mais recentemente por ter orientado atividades presenciais nas escolas públicas estaduais, com exceção dos alunos. Entre as funções, estaria distribuir as cestas para os estudantes em suas casas.

“A postura do governo é totalmente contraditória. Para justificar a extinção e a terceirização dos cargos dos funcionários e funcionários de escola, o governador disse que essas funções não se justificam, mas, agora, para ficar na linha de frente da covid-19 eles vão dizer que esse serviço é essencial. Isso é inaceitável”, disse Nádia Brixner, secretária de Funcionários(as) de Escola da APP-Sindicato, que representa os trabalhadores da educação pública.

A educação pública já foi, inclusive, fortemente criticada por Feder no passado. O novo ministro já defendeu a privatização completa da educação, sobre a qual escreveu em um livro com seu sócio, Alexandre Ostrowiecki, chamado de ““Carregando o Elefante – Como Transformar o Brasil no país mais rico do mundo”.

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Privatização, “voucher” para estudo e fim do MEC

“Assim como é melhor que uma empresa privada frite hambúrgueres do que o governo, o mesmo ocorre no caso de
uma escola.”, diz um trecho do livro.

Dividido em eixos temáticos que sugerem soluções para o Brasil baseadas, principalmente, nos princípios de fim da atuação do Estado, Feder e Ostrowiecki criticam a “burocracia” e sabem que modelo poderia ser mais custoso para alunos mais pobres – um problema de “oferta e demanda”, discorrem.

O livro traz um apanhado final de conclusões: “Privatizar todas as escolas e universidades públicas, implantando o sistema de vouchers. Para cada aluno matriculado em ensino fundamental, o governo paga uma bolsa diretamente à escola. Cada escola pode optar se receberá apenas a verba do governo ou se cobrará uma taxa extra”.

Na argumentação dos autores, pagar 100 reais para uma escola particular seria “muito melhor do que o governo gastar essa quantia operando diretamente o sistema educacional”, já que existe “muito mais espaço para a corrupção no caso de uma escola pública do que uma privada.”, defendem, sem apresentarem dados de corrupção em escolas brasileiras.

O Ministério da Educação, na visão dos autores, deveria ser extinto junto com outras pastas, como a da Saúde, Mulher, Turismo e Cultura.

Em resposta aos seus ideais do passado – o livro foi publicado em 2011 -, o atual ministro afirmou que “claro que muitas coisas mudaram de lá pra cá” em entrevista à Folha de S. Paulo e disse, em 2019, que não defendia mais o modelo proposto por ele mesmo. “Eu acredito tranquilamente, firmemente, que ensino público tem condições de entregar ensino de excelência. Não vou privatizar, não vou terceirizar e não vou fazer voucher”, declarou, na época, ao jornal Gazeta do Povo.

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Educação| Carta Capital

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