Nos últimos dias temos recebido uma enxurrada de notícias que balançaram a conjuntura política nacional, desde os atos golpistas ocorridos no último domingo (08/01/23), até as primeiras informações publicadas pelo atual governo a respeito da quebra de sigilo de 100 anos que havia sido estabelecida pelo governo anterior. Os dados que estão sendo publicados escancaram o escândalo do descaso e do patrimonialismo mais atrasado que ainda temos notícia.
Patrimonialismo é uma teoria sobre o estado brasileiro que versa sobre a confusão entre o público e o privado, e mais especificamente, sobre a situação onde o sujeito ou grupo político que ocupa a gestão do estado confunde os limites entre o que faz parte do patrimônio público e o que faz parte do patrimônio privado. Durante toda a gestão do governo Bolsonaro tivemos diversas provas da forma doméstica e confusa com que a política e o patrimônio público foram tratados, e uma delas veio à tona ontem (12/01/23), com a divulgação do gastos efetivados com o uso de cartões corporativos pelo ex-presidente da república.
A título de exemplo, entre os gastos duvidosos divulgados a partir da quebra do sigilo de 100 anos sobre as contas do governo, o governo Bolsonaro gastou com cartão corporativo R$ 33.000,00 em um dia em uma padaria de luxo, no dia 22 de Maio de 2021, às vésperas de uma motociata realizada no Rio de Janeiro. O maior gasto divulgado foi no Ferrareto Hotel, local onde Bolsonaro ficava hospedado no Guarujá, no litoral paulista, somando 1,46 milhão de reais. Segundo portais jornalísticos, esse valor equivale a uma média de 2,9 mil diárias emitidas no cartão, somente nesse hotel. Outra coincidência duvidosa consiste no gasto de R$ 166.000,00 em 46 despesas realizadas em hospedagem, alimentação e combustível entre os dias 09 e 10 de Julho de 2021, quando realizou um motociata em Porto Alegre.
Como podemos ver, não se tratam de viagens oficiais, para tratar de assuntos que dizem respeito à política e ao estado brasileiro, mas sim, estamos falando do desfrute pessoal de uma vida de luxo e também do uso da estrutura do estado para campanha ideológica antecipada com fins eleitorais. Estamos falando do patrimonialismo mais cru, que gera a completa confusão entre a função que Bolsonaro exercia como presidente da república, e a sua vida pessoal e política que não diziam respeito ao estado brasileiro.
Durante o mesmo período em que executou os gastos vultosos com o recurso do povo brasileiro, também exerceu uma política de completo arrocho na economia, principalmente no que tange a setores estratégicos e fundamentais, como é o caso da Educação. Vivenciamos um período de sucessivos cortes e bloqueios de verbas, que fizeram com que a nossa rede federal chegasse ao fim do seu governo com dificuldades orçamentárias para a manutenção básica das nossas unidades, sem política de assistência estudantil, não conseguindo pagar as bolsas dos estudantes no mês de Dezembro de 2022 e comprometendo seriamente o funcionamento dos Institutos Federais. Também vicenciamos uma política de congelamento de salários dos servidores do IFPB, há quatro anos sem correção salarial, o que levou a uma enorme defasagem do poder de compra dos salários dos servidores federais.
Em nenhum momento o governo Bolsonaro se dispôs a abrir uma mesa de negociação, nem com os sindicatos, nem com as demais entidades organizadas da Educação, para tratar sobre todos esses temas e garantir uma boa gestão da nossa Educação. Tudo isso demonstra o seu completo descaso com a pauta da educação brasileira, ao passo em que desfrutou nesse período de condições de vida que são completamente dissonantes em relação às condições que a comunidade estudantil do IFPB vem enfrentando.
Em defesa do nosso Instituto e da educação brasileira: SEM ANISTIA!
Confira no link abaixo a relação de gastos com cartão corporativo dos ex-presidentes da República (2003 a 2022):
Diretoria Estadual do SINTEFPB