Declarações do presidente da República afirmam que haverá corte de gastos em faculdades de sociologia e filosofia
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Professores do campus Recanto das Emas socializaram, na manhã dessa segunda-feira (29) uma carta em defesa do ensino de sociologia, filosofia e ciências humanas na educação pública brasileira. Os educadores também repudiam as declarações do ministro da Educação e do Presidente da República, que, na última sexta-feira (26), afirmou que o ministro pretende “descentralizar” investimento em faculdades de filosofia e sociologia.
O objetivo, de acordo com o presidente, seria focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina.
O Sinasefe Brasília assina a carta e alerta a população sobre os riscos dessa declaração, que é parte de um projeto político que visa atacar a educação como um todo, especialmente aquela educação responsável pela construção de uma sociedade crítica, o que não corrobora com um projeto de poder que visa a destruição dos direitos e liberdades sociais.
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Segue abaixo, a carta completa. Aqueles que tiverem interesse de assiná-la, devem encaminhar o nome completo para o e-mail: <if.antifascismo@gmail.com>.
Clique aqui e tenha acesso à nota em PDF, com espaço para coletar assinaturas em seu campus.
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CARTA DE DEFESA DO ENSINO DE SOCIOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
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Nos últimos dias, nós, educadoras e educadores da Rede Federal de Ensino, fomos surpreendidos pelas declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e do presidente da República, Jair Bolsonaro, propondo a redução de investimentos públicos para os cursos de Filosofia e Sociologia. Por meio desta carta, repudiamos veementemente essas declarações e manifestamos o nosso apoio em defesa da manutenção desses componentes no currículo escolar. Nossa missão, como educadoras e educadores, não é apenas a capacitação técnica para as ocupações profissionais, mas também a formação de cidadãos conscientes, que compreendam as estruturas da sociedade na qual estão inseridos; de seres humanos capazes também de movimentar esta mesma sociedade em direção a mudanças no campo da justiça e da ética, promovendo a inclusão social e o respeito aos direitos humanos e às minorias. Para cumprir tais objetivos, almejados por tantas brasileiras e brasileiros, é essencial a presença de docentes capacitados para o ensino de Filosofia, Sociologia, bem como de outras áreas das Ciências Humanas, tanto na Educação Básica como na Superior. Por essa razão, afirmamos que todas áreas do conhecimento, sem qualquer discriminação, devem ser valorizadas e tratadas pelo poder público como de igual importância. O estudo e aprofundamento de epistemologias, independentemente da área na qual são atuantes, encontra-se muito além das fronteiras nacionais e de posições ideológicas específicas. Se entendemos que o desenvolvimento de um povo vem atrelado a uma educação pública, de qualidade e acessível a todos, não podemos excluir desse contexto nenhuma das áreas do acervo de conhecimento desenvolvido, e ainda em construção, pela humanidade. Portanto, recusamos compactuar com qualquer política de redução de recursos públicos no campo da Filosofia e da Sociologia; pelo contrário, exigimos que o Estado brasileiro amplie os investimentos em cursos de formação, no incentivo à pesquisa e na contratação de docentes para o fortalecimento das áreas acima referidas. A Filosofia é o berço do conhecimento humano e, ainda hoje, sustentáculo do direito, da ética e todas as Ciências Modernas. Ignorar esse fato e confiar que é possível oferecer um ensino público de qualidade – ou uma hipotética adequação dos investimentos dos contribuintes – sem a valorização da Filosofia, demonstra o profundo desconhecimento sobre a natureza do processo educativo e coloca em dúvida a capacidade do ministro Abraham Weintraub para conduzir uma pasta tão relevante como esta. Este é um momento muito delicado para nós, profissionais da educação, por isso, posicionamo-nos contra o desrespeito à autonomia universitária e pedagógica das instituições de ensino público e a quaisquer outros direcionamentos obscurantistas que tenha como propósito desvalorizar a profissão do educador e sucatear ainda mais a educação pública brasileira.
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Matéria e imagem destaque por: SINASEFE BRASÍLIA